Passamos pela vida nos encantando e desencantando todo o tempo.
Construímos imagens, damos formas, colorimos e até nomes damos,
mas não lembramos de nos resguardar dos efeitos do tempo,
dos excessos de zelo, das carências infindáveis!
Vem a ferrugem e se deposita um pouco aqui e ali.
A tinta descasca, as cores desbotam e quando vemos...
o desencanto já se instalou.
Nada mais é bonito. Nada mais brilha tanto. Nada mais nos envolve.
Nada mais nos empolga como antes.
Temos vontade de abrir a porta e colocar pra fora.
Escancarar janelas e desafogar por dentro.
A despeito de fazermos isso ou não,
seguimos nos desencantando com situações, pessoas, sonhos, ideias.
Deixando que se quebrem os sentimentos originais e também os cultivados,
incluindo os inoportunos.
Depois de tantos pedaços misturados, tentamos continuar o caminho
com um sorriso falso no rosto, uma lágrima escondida no peito
e um grito engasgado na garganta.
Sem olhar espelhos, sem confrontar o tempo,
sem perceber os espaços que ficaram num coração sem nada,
como uma casa sem móveis; inútil, sem função, sem atrativos
e sem vida.
__Val Zamp__
17-05-14