domingo, 13 de julho de 2014

Desencanto



Passamos pela vida nos encantando e desencantando todo o tempo. 
Construímos imagens,  damos formas, colorimos e até nomes damos, 
mas não lembramos de nos resguardar dos efeitos do tempo, 
dos excessos de zelo, das carências infindáveis! 
Vem a ferrugem e se deposita um pouco aqui e ali. 
A tinta descasca, as cores desbotam e quando vemos... 
o desencanto já se instalou. 
Nada mais é bonito. Nada mais brilha tanto. Nada mais nos envolve. 
Nada mais nos empolga como antes. 
Temos vontade de abrir a porta e colocar pra fora. 
Escancarar janelas e desafogar por dentro. 
A despeito de fazermos isso ou não, 
seguimos nos desencantando com situações, pessoas, sonhos, ideias.
Deixando que se quebrem os sentimentos originais e também os cultivados, 
incluindo os inoportunos.
Depois de tantos pedaços misturados, tentamos continuar o caminho 
com um sorriso falso no rosto, uma lágrima escondida no peito 
e um grito engasgado na garganta. 
Sem olhar espelhos, sem confrontar o tempo, 
sem perceber os espaços que ficaram num coração sem nada, 
como uma casa sem móveis; inútil, sem função, sem atrativos 
e sem vida.  

__Val Zamp__  

17-05-14